quinta-feira, 16 de maio de 2013

Como "estragar" uma criança

Pensa-se muitas vezes que, quando uma criança vem ao mundo, é um "anjinho" perfeito, sem qualquer má tendência ou defeito, e que tudo quanto venha a ser quando adulto será apenas fruto da influência dos outros e da sua própria experiência. No entanto, a ciência e os fatos demonstram que o ser humano, quando nasce, já traz consigo uma carga genética legada pelos seus antepassados próximos e distantes e que condiciona as suas melhores qualidades e os seus piores defeitos. Mas, apesar desse condicionalismo, aquilo que essa criancinha virá a ser , em ultima analise, tem muito a ver com a influência, decisiva, de quem a educar e a quem compete ajudar a desenvolver o que promete ser bom e a minimizar o previsível mau.

Podemos comparar, assim, a alma de uma criança a um jardim cheio de sementes das mais lindas flores, mas também das ervas mais daninhas. Os pais e os educadores são como o jardineiro, a quem compete arrancar as ervas e ajudar as flores, mas também das ervas mais daninhas. Os pais e os educadores são como o jardineiro, a quem compete arrancar as ervas e ajudar as flores a desenvolverem-se com todo o vigor e toda a beleza.
Toda a criança tem potencial para vir a tornar-se numa mulher ou num homem nobre e útil. Mas para isso, é necessário que os pais, professores e a própria criança estejam dispostos a submeter-se á disciplina do corpo e do espírito, indispensável á maturação equilibrada de um homem ou de uma mulher dignos desse nome.

Quando se estraga uma criança, impedimo-la de desenvolver saudavelmente os seu músculos, refinar os seus sentimentos ou cultivar a sua inteligência. Dessa forma, ela fica bloqueada no seu amadurecimento e poderá vir a ser incapaz de atingir uma adultícia responsável e feliz.
Ora, existem mil e uma maneiras de "estragar" uma criança. Não podemos falar de todas, até porque elas dependem, sobretudo da maneira de ser de cada pai e de cada mãe. Há no entanto, algumas mais habituais e utilizadas, normalmente de uma forma tão inconsciente que nos chega a afligir. Ora vejamos:

Dar muitos doces ao seu filho: dessa forma ele virá a ter dentes e ossos deficientes, poderá perder o apetite, deixará de gostar dos alimentos importantes para o seu desenvolvimento, como os legumes e a fruta, e cairá doente com facilidade.

Não o deixar nunca apanhar frio, nem calor, nem vento, nem chuva ... e protegelo-o de todos os aborrecimentos da vida : pode ter a certeza de que , quando chegar a adulto, virá a ser uma criatura fraca e indecisa que háde encher a sua cara de vergonha.

Gabar todas as suas qualidades diante dele, se por acaso encontrar alguém que esteja disposto a ouvi-lo... O menino vai convencer-se facilmente de que é um personagem muito importante e ficará sempre um autocovencido e um preguiçoso.

Fazer-lhe também todas as vontades, para que ele se convença de que na vida, basta esboçar um desejo ou choramingar um bocadinho para que tudo nos caiado céu aos trambolhões.

Quando disser ao seu filho que o vai castigar , nunca cumprir o prometido: ele entenderá, assim, que as más ações só por muito pouca sorte acarretam mas consequencias.

Mas, se por acaso vier a castiga-lo, o fizer com o ar mais feroz do mundo: então a criança poderá vir a ser uma revoltada e uma déspota, ou então um ser amargo e sem iniciativa.

Por ultimo se esquecer de lhe mostrar bem, que é incapaz de fazer frente às coisas, para si, desagradáveis da vida : rapidamente a criança deixará de beber leite, como a mamã, ou fará caretas á sopa como o papá ou irá recusar-se a pôr o chapéu na cabeça quando está sol, como o vovô que gosta de andar com a careca ao sol.

E pronto caro leitor aqui tem algumas maneiras de "estragar" uma criança. Mas se pensar bem, encontrará muitas mais!... Porem, não se esqueça de que se muitos anos mais tarde o carater do seu filho se apresentar cheio de defeitos, não será só a sua consciência a poder questiona-lo pois talvez até ele próprio o venha a fazer.

Samuel Ribeiro
Doutor em Pediatria

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