Intolerantes ao glúten
As pessoas
que sofrem de doença celíaca sofrem de uma intolerância permanente ao glúten,
uma proteína presente na semente de muitos cereais. Quando se é intolerante ao
glúten, esta comporta-se como um toxico para o organismo, provocando uma reação
imunitária do intestino delgado, ou seja uma inflamação e lesão da mucosa
intestinal, que dificulta a digestão e absorção dos nutrientes. Como resultado,
a pessoa pode sofrer de anemia, manifestações extra digestivas visíveis na pele,
perda de massa óssea, debilidade muscular, infertilidade, etc.
Sensíveis ao glúten
Por outro
lado, nas pessoas que apresentam sensibilidade ao glúten, o seu diagnóstico de
intolerância não se conseguiu confirmar, mas quando ingerem produtos que contêm
esta proteína, apresentam os mesmos sintomas que os celíacos: inchaço e dor no
abdómen, diarreias frequentes, eczema ou erupções na pele, dores de cabeça,
obstipação, náuseas e vómitos, anemia, fadiga, etc. Estudos recentes apontam
para o fato de uma em cada 17 pessoas ser sensível ao glúten, apesar de muitas
não saberem. Mas na realidade, tanto os sensíveis como os intolerantes ao
glúten melhoram ao retirar o glúten da sua dieta e pioram quando o
reintroduzem.
As causas
A origem da
intolerância permanente ao glúten, tem muitas causas e o seu início é
desconhecido, mas este provado que existem fatores que contribuem para o seu
desenvolvimento: a predisposição genética, os fatores ambientais e alguns
fatores imunitários.
No que diz respeito aos fatores ambientais que podem incidir
na doença, o mais comum é o trigo, cereal cujo consumo aumentou notavelmente, sobretudo
no ocidente, nas últimas décadas. A forma como se introduzem os alimentos nos
primeiros anos de vida, também pode ser importante. Neste sentido, provou-se
que coincidir a amamentação com a introdução do glúten na dieta do bebe pode
reduzir até 60% as possibilidades de desenvolver doença celíaca. Relativamente
aos fatores imunitários, tratam – se de eventuais alterações no organismo que
produzem uma resposta anómala ao glúten, assim como mudanças na flora
intestinal que podem favorecer o aparecimento da doença.
Como descobrir se é celíaco
Nem sempre é fácil associar os sintomas de uma pessoa com uma
intolerância alimentar, pois estes aparecem de forma palatina, provocando
alterações diversas ao longo do tempo. E em muitos casos não existem sintomas
que nos indiquem a sua presença. Por isso cerca de 75% das pessoas com
intolerância ao glúten não estão diagnosticadas. Em qualquer caso, alguns
sintomas que a doença celíaca pode apresentar são alterações intestinais, como
diarreia ou obstipação, anemia, osteoporose, amenorreia, carência de vitaminas
e minerais. Também pode produzir doenças associadas como a dermatite herpética,
estomatite aftosa, diabetes ou alterações da tiroide.
Onde há glúten
O glúten é uma proteína que encontramos em muitos cereais,
como o trigo, a cevada o centeio, a espelta, o kamut, a aveia, o triticale e
nos seus derivados: pão, farinha de trigo, massa, bolos, bolachas, biscoitos,
figos secos, bebidas destiladas ou fermentadas a partir de cereais, como a
cerveja, água de cevada, etc. Existem muitos alimentos que devido á sua
natureza não contêm glúten, mas que foram elaborados com farinhas, espessantes,
molhos ou condimentos que o contem: charcutaria, patés, queijos fundidos,
conservas, molhos, condimentos e corantes alimentares, derivados do café,
chocolate e cacau, frutos secos tostados ou fritos com farinha, caramelos e
guloseimas. Por isso aconselha-se a ler bem os rótulos dos produtos que
consumimos.
Alimentos naturalmente livres de glúten
Leite e derivados (queijos, iogurtes, natas), carnes e
vísceras, alguma charcutaria como fiambre, peixe, mariscos, ovos, frutas,
verduras e hortaliças, legumes, tubérculos, arroz, milho, quinoa,
trigo-sarraceno, azeite e manteiga, açucares, mel, café e infusões, frutos
secos crus, vinho, bebidas espumosas ou fabricadas com limão e laranja, sal,
vinagre e especiarias.
Como organizar uma dieta sem glúten
De início, é importante não pensar que por ter que eliminar
da dieta uma serie de alimentos especialmente alguns cereais, esta tornar-se-á
pobre ou aborrecida, Nada mais longe da realidade. Felizmente, dispomos de
muitos cereais e alimentos livres de glúten, variados e saborosos, que não só
são aptos para celíacos, mas também recomendáveis para todos membros da
família, sejam ou não intolerantes ao glúten. Quando temos que cozinhar para um
celíaco, seja nossa pessoa ou outra, não só temos que ter em conta o que
compramos, há ainda outras medidas a tomar: as farinhas e espessantes para a
preparação de molhos devem ser de arroz, milho, batata, soja, milho, tapioca,
quinoa, trigo-sarraceno, etc. Evitar fritar alimentos sem glúten em óleo ou
azeite onde se fritou anteriormente produtos com glúten.
Os utensílios de cozinha devem estar limpos. O uso de um
garfo que tenha manipulado um alimento com glúten pode contaminar o prato.
É necessária muita precaução quando se come fora de casa, em
restaurantes, cafés ou na escola. Nestas ocasiões, é muito recomendável
perguntar e informar-se bem sobre os ingredientes do prato que se vai comer e
sobre a preparação do mesmo.